Nos últimos 12 meses encerrados em abril de 2011, o crédito habitacional registrou crescimento de 49,6%, contudo, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Banco Central, ele ainda tem pouca representatividade no PIB (Produto Interno Bruto): apenas 4,1%.
O percentual é significativamente inferior ao assinalado em outro países, conforme é possível observar na tabela a seguir:
País (%)
Brasil 4,1%
Itália 22,9%
Alemanha 37,7%
França 39,8%
Área do Euro 40,2%
Espanha 61,2%
Holanda 66,1%
EUA 70,3%
Fonte: Banco Central
Crédito
Ainda conforme o relatório divulgado pelo BC, a pouca expressividade do crédito habitacional pode explicar grande parte da diferença entre a razão do crédito em geral e o PIB brasileiro, visto que este tipo de crédito é o mais dinâmico do mercado brasileiro nos últimos anos.
No Brasil, entre abril de 2005 e deste ano, o volume das operações de crédito passou de 26,3% para 46,6% do PIB. A exemplo do que ocorre no crédito imobiliário, apesar do crescimento, a relação crédito/ PIB brasileira situa-se em patamar inferior ao registrado internacionalmente.
Nos Estados Unidos, considerando apenas pessoas físicas, o crédito equivalia a 86,4% do PIB no quarto mês deste ano. Na Itália, 96,2%; França (95,4%), Alemanha (90%), Área do Euro (105,9%), Holanda (134,7%) e Espanha (163%).
Dentre os países selecionados, somente na Argentina o volume das operações de crédito em relação ao PIB foi menor do que no Brasil, de 16,4%.
Medidas macroprudenciais
O relatório do BC enfatiza que a evolução do crédito nos últimos anos, mesmo abrangendo um grupo crescente de tomadores com pouco ou nenhum histórico de crédito, e apesar da crise internacional de 2008 e 2009, não determinou mudança relevante sobre a qualidade da carteira de crédito do sistema, com apenas 3,4% do volume total encontrando-se inadimplente em maio deste ano.
No crédito referencial, que envolve modalidades como crédito pessoal, crédito para aquisição de bens, cartão de crédito e cheque especial, a inadimplência atingiu 4,5% em dezembro de 2010, menor patamar após a crise.
Apesar das condições favoráveis, em dezembro de 2010 o governo adotou medidas macroprudenciais, a fim de, entre outras coisas, conter a demanda por novos empréstimos, já que foram identificadas fontes de riscos no aumento da alavancagem das famílias e no alongamento de prazos dos contratos em determinadas modalidades no crédito.
Assim, conforme evidenciado pelos segmentos de veículos e crédito pessoal, houve redução de prazos e desaceleração do crescimento do crédito, com a taxa de juros média atingindo 30,4% em maio, ante 22,8% em novembro do ano passado, as concessões recuando de R$ 11,2 bilhões para R$ 8,8 bilhões, e o prazo médio das novas operações saindo de 51,5 para 48,3 meses.