O calor excessivo é um grande vilão para nossos bolsos. Recorremos ao ar-condicionado na hora de dormir, ventilador para quebrar o galho no meio da tarde, banhos demorados para refrescar até a alma. Temperaturas de até 40 graus exigem um bocado de energia - no caso, elétrica. O alívio, porém, dura pouco. Basta a conta chegar para deixar muita gente de cabeça quente.
Economizar é uma arte. Para ter sucesso nesta área, informação é fundamental. Você sabe quanto paga por oito horas de sono embaladas por um ar-condicionado? Quanto custa um banho mais demorado no chuveiro? A quanto sai, no final do mês, o consumo do ventiladorzinho da cozinha, para tornar o fogão um pouco menos insuportável? Certamente, muito mais do que imagina. Sabendo do aumento significativo do consumo de energia nesta época do ano, o país coloca em prática o horário de verão.
Adotado pela primeira vez em território brasileiro no verão de 1931/32, a mudança de horário surgiu com a intenção de poupar eletricidade. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, esses quatro meses de pôr-do-sol tardio garantirão ao país uma economia de aproximadamente 5% no Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país. Mas o que começou como uma pura questão econômica, hoje garante segurança e lazer com uma hora a mais de claridade em dez estados brasileiros.
A economia pode ser considerável para o governo, mas quando a conta chega o susto é grande. Se por um lado damos uma folga à luz por uma hora, por outro gastamos mais - e bota mais nisso - tentando burlar o calor. Por isso fomos atrás de dicas com quem entende do riscado.
Ar-condicionado x Ventilador.
Márcio Iavelberg é consultor financeiro e sócio da Blue Numbers, consultoria que ajuda a manter as contas sob controle. Na opinião de Márcio, o maior risco é o ar-condicionado. "Como ele só é utilizado durante o verão, fique atento à manutenção do aparelho. Verifique se ele está em perfeito estado de conservação, para evitar gastar mais do que o esperado. Certifique-se também de que o aparelho seja compatível com o tamanho do ambiente a ser resfriado. Além disso, o recinto deve permanecer fechado durante o funcionamento do ar", aconselha Márcio.
Márcio não fala à toa. Um aparelho de ar condicionado de 7.500 BTUs - um dos mais simples do mercado -, quando ligado diariamente por oito horas, gera um consumo de 240 kWh por mês para funcionar. Não entendeu? A gente explica: do seu bolso, para mantê-lo funcionando, são aproximadamente 80 reais mensais. Se sua casa possui dois aparelhos, multiplique e se prepare para o susto. Antes de sair correndo para o shopping e adquirir um, é fundamental pensar na conta de luz.
Uma boa alternativa - apesar de não ter o mesmo efeito - são os ventiladores. Bem mais econômicos, inclusive no preço do produto, eles têm um gasto elétrico consideravelmente menor. Um modelo de teto, por exemplo, gastaria em média 30 kWh para funcionar as mesmas oito horas diárias. Uma conta oito vezes menor ao final do mês, e um alívio para o bolso. Mas será que segura o calor?
Economia X Conforto
A economista Sandra Blanco ajuda: "Ventilador é bom se pensarmos na economia, mas e o conforto? Para quem puder se dar ao luxo, este é o preço. Mas você pode manter o ar gastando um pouco menos. Recorra aos modelos inteligentes que ajudam a reduzir a conta. São mais caros, porém, se bem utilizados, valem o investimento". Sandra está se referindo ao timer que vem acoplado ao ar-condicionado.
A advogada Ana Elisa Araújo é adepta da modernidade. "Quando não dá para evitar, ligo o ar e programo para funcionar por cinco horas. É tempo suficiente para pegar no sono, e ainda manter o quarto fresco por mais um tempo", explica a advogada. "Também é ótimo para pessoas esquecidas como eu. Não corro mais o risco de passar o dia inteiro na rua, e, quando voltar pra casa, perceber que esqueci o ar ligado", acrescenta.
Além do ar-condicionado - o maior responsável pela inflação nas contas ao longo do verão -, outros itens devem ser considerados. A água, por exemplo, apesar de não ser tão custosa, tem seu consumo aumentado durante os meses quentes. Mas longe da gente pregar menos banhos. A higiene é fundamental, só que vale ficar atenta ao desperdício. "Toda economia é válida. Quaisquer centavos economizados, ao final de um ano, fazem diferença. Lembram-se como economizávamos durante o racionamento de energia? É porque tínhamos objetivos. Então, estabeleça seus objetivos e mantenha o compromisso", diz Sandra Blanco.
Consumo de água
E lá vamos nós para as contas outra vez. Um banho de 15 minutos consome 243 litros, mas se a torneira for fechada enquanto se ensaboa, diminuindo o tempo da ducha aberta para cinco minutos, o consumo cai para 81 litros. Parece pouco? "Ao final do mês são poupados quase 5 mil litros", atenta a economista. "Também vale fechar a torneira enquanto escova os dentes, assim como prestar atenção às mal fechadas", acrescenta. O pinga-pinga da pia da cozinha desperdiça em média 45 litros por dia.
Secador de cabelos
Você pode estar saturada por números, no entanto, da próxima vez em que for secar seus cabelos, certamente vai se lembrar deles. A vaidade feminina, munida de secadores, chapinhas e afins, aumenta bastante a conta de luz. E no verão, a necessidade de lavar os cabelos diariamente, só piora a situação. Vinte minutinhos do aparelho aumentam em 14 kWh o consumo elétrico. Se for fazer uma escova, pode aumentar o tempo, e, consequentemente, o valor. Quanto à chapinha, a gente finge que esquece. Afinal, somos todas mulheres. Mas não se esqueça de apagar a luz, tá?
Outras dicas bacanas:
- Pintar os cômodos da casa com cores claras engana a escuridão no final de tarde.
- Evite abrir e fechar a geladeira várias vezes.
- Junte bastante roupa para passar. Um ferro elétrico, se ligado por uma hora, equivale a de lâmpadas de 100 watts acesas.
- Aproveite o calor para secar as roupas. O consumo de uma secadora de roupas é bem alto.
- Deixe a chave do chuveiro elétrico na posição verão, é mais econômica.
- Não se esqueça da água fervendo na chaleira.
- Evite cozinhar em banho-maria.
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