Depois de registrar um aumento de 7,48% em 2010, os preços dos materiais de construção em São Paulo começaram 2011 praticamente estáveis. De janeiro a março, o valor dos produtos subiu em média 2,27%, abaixo da inflação de 2,62% registrada pelo Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A hora é boa para comprar os itens para reforma.
Dos 15 produtos pesquisados pelo Dieese, apenas quatro registraram aumento superior à inflação. O vilão de quem está construindo ou reformando o imóvel foi o tijolo, com aumento de 7,3%.
Em contrapartida, cimento, areia e telhas de amianto registram queda de preço e equilibram o orçamento da obra.
E a concorrência no varejo ajuda o consumidor a economizar ainda mais. Toda semana, as grandes redes põem alguns produtos em promoção. E quem acompanha os preços e se planeja consegue gastar menos.
A professora universitária Aparecida Constantino, de 43 anos, visitava os sites das grandes lojas de materiais de construção desde julho de 2010 — quando pretendia começar uma reforma nos três quartos da casa. Já tinha cotado o preço de todos os materiais quando precisou, por um problema de saúde, adiar a obra.
Em fevereiro de 2011, voltou a pesquisar e teve uma boa surpresa: gastou R$ 500 a menos do que gastaria se tivesse feito as compras no ano passado. “Encontrei boas promoções e, só com o desconto que recebi no piso, economizei R$ 200”, conta Aparecida.
Mesmo assim a professora não considera que os itens estejam baratos. “Mas como agora os preços sobem tão rápido eu já esperava ter de gastar mais.
E não foi o que aconteceu”, afirma. “Só alguns itens estavam mais caros. Mas a maioria ou custava a mesma coisa ou estava com desconto.”
Ritmo menor
Os preços dos materiais de construção estão subindo em ritmo menor porque, depois de muito tempo, parece que finalmente a oferta está se ajustando à demanda.
“Hoje, a utilização da capacidade instalada na indústria é de 87% e as empresas estão aumentando, e muito, os seus investimentos para ampliar a produção”, declara Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
“Por isso, posso afirmar que os preços dos materiais de construção não vão subir acima da inflação, porque não há motivos para aumentos”, garante Fox.
Dados da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) dão ainda mais uma pista para os preços não terem subido tanto: as vendas estão estáveis.
Não houve crescimento no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado. E, em março, as vendas tiveram alta de apenas 1% frente a fevereiro.
“A previsão de crescimento para 2011 já foi revista de 11% para 8,5% porque as vendas do início do ano ficaram abaixo do esperado”, afirma Claudio Conz, presidente da Anamaco. “Com vendas em ritmo menos acelerado e grande competição no varejo não há como os preços subirem.”
Conz acredita, porém, que haverá algum reajuste nos produtos no segundo semestre, quando o mercado deve se aquecer. “Por isso, recomendo que as pessoas se planejem e já comprem agora.”